8 de março: mulheres na saúde e nos parlamentos
8 de março não é só uma data, não é só um dia de flores e elogios.
É um chamado. Um chamado que atravessa hospitais, postos de saúde, consultórios, corredores de maternidades e unidades de emergência.Um chamado que se ouve no cansaço da profissional de enfermagem que, depois de 12 horas de plantão, ainda chega em casa para outra jornada invisível. Na médica que precisa provar, todos os dias, que tem o mesmo valor que seus colegas homens. Na agente comunitária de saúde que conhece cada rosto, cada dor, mas ainda recebe pouco e luta muito. Na mãe de uma criança atípica que se desdobra entre consultas, terapias e burocracias, enquanto a sociedade vira o rosto para o peso que ela carrega sozinha.
8 de março é sobre lembrar que as mulheres são 65% da força de trabalho na saúde, mas ocupam muito menos os espaços de decisão. Que são maioria nas enfermarias, nas consultas, nas comunidades, mas minorias nos gabinetes, nas gerências, nos poderes. Que seguram a vida de tantas pessoas em suas mãos, mas quando adoecem, enfrentam filas, falta de acolhimento e um sistema que não foi pensado para elas.
E na política? As mulheres são maioria no SUS, mas são minorias nas câmaras de vereadores, nas assembleias legislativas, no Congresso. E sem mulheres nas bancadas, quem fala por nós?
8 de março é para lembrar: sem mulheres na política, quem escreve nossas leis? Sem mulheres nas bancadas, quem defende o SUS? Quem garante nosso direito de viver? Se somos uma base, por que não estamos no topo?
Mas seguimos. Porque quando o SUS resiste, são as mulheres que o sustentam. Porque quando nos negam direitos, transformamos nossa indignação em luta. Porque quando nos empurramos para trás, nossos passos viram marcha.
Não queremos mais promessas, queremos espaço. Não queremos só aplausos, queremos voz. Que neste 8 de março nos encontraremos nos hospitais, nas enfermarias, nos postos de saúde e nos parlamentos, onde devemos estar. Porque nossa luta não cabe em um único dia.
Bancada do SUS
